Dedicar algum tempo ao silêncio interior todos os dias é tão importante, mas muitos de nós estamos tão longe desta prática que é quase inquietante estar em quietude.
É engraçado imaginar as nossas vidas como algo que passamos muito tempo a evitar, porque olhar para dentro tornou-se muito desconfortável. Parece que as nossas vidas consistem em fazer e estar ocupado a desempenhar algum tipo de função, o que nos distrai e nos impede de olharmos para dentro de nós. Experienciar a nossa vida a partir de dentro significa tirar tempo todos os dias para estarmos simplesmente sós e em silêncio na presença da nossa alma. Mas, muitos de nós estamos tão fora de prática que é desconfortável olharmos para nós e estarmos na nossa companhia. Como resultado, paramos de tentar encontrar esse tempo para nos sentarmos no centro das nossas vidas e encontramos sempre desculpas para não o fazermos, utilizando as mais diversas estratégias de fuga.
Uma das razões por que pode ser desconfortável sentarmo-nos connosco próprios é porque, quando o fazemos, tendemos a abrir-nos a uma voz interior, que pode fazer-nos questionar a forma como estamos a viver ou algumas das escolhas que fazemos. Por vezes, esta voz lembra-nos os nossos segredos, anseios interiores, sonhos que pensávamos ter esquecido (ou que preferíamos esquecer). No entanto, esta voz interior é que nos mantém ligados ao nosso autêntico eu, à nossa essência e àquilo que faz valer a pena viver a VIDA. Quando evitamos continuamente ligar-nos à nossa vida, arriscamo-nos a distanciarmo-nos tanto da nossa verdadeira essência, que pomos em causa toda a nossa existência.
Para iniciarmos o processo de estarmos mais presentes e menos ausentes nas nossas vidas, é importante reservarmos apenas alguns minutos por dia para simplesmente nos sentarmos connosco. Isto não é FAZER alguma atividade, como ver um filme ou ler um livro; mas dedicar tempo todos os dias a um auto-exame, para estarmos connosco próprios de uma forma aberta, apenas observando e escutando as nossas emoções e os nossos pensamentos sem julgamento, simplesmente um tempo para SER e ESTAR.
Esta prática (que, já agora, não exige muito tempo e pode começar com poucos minutos, antes de se levantar) pode ajudar-nos a passar mais tempo no centro das nossas próprias vidas, definindo o que queremos para nós mesmos e a escolhermos o melhor caminho para lá chegarmos.

